XVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE POESIA

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Martinho Santafé




PAISAGEM

Alguém aguarda
como um anjo noturno
pela flor nascida
nos metrôs.

Estar longe
é como as águas dos rios
e tudo o que elas transportam:
o bicho putrefato
árvores solenes
pneus gastos
peixes químicos
destroços das pontes.

Das sombras
saem as mais sutis das bombas
atentas em cada canto dos tuneis
em cada poema que virá.

O sábio constrói esquinas
e as abraça com seu manto
laser.

De minha janela
vejo buganvílias
e beija-flores
atômicos.



O pássaro elétrico


O pássaro elétrico
emite passaportes
para o céu.



Na orquestra dos fios
rima vôo com azul.



Deflorando a manhã
como um helicóptero
bêbado.


Martinho Santafé
Poeta.jornalista.artista plástico
Autor de Manual Para Assassinar Frangos
Vencedor do IIIº FestCampos de Poesia Falada - 2001
Natural de Campos dos Goytacazes
Radicado em Macaé desde 1980

Nenhum comentário:

Postar um comentário