XVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE POESIA

quinta-feira, 20 de março de 2014

XXI Congresso Brasileiro de Poesia

                                                 poesia visual - Fatima Queiroz


XXII Congresso Brasileiro de Poesia 

6 a 11 de outubro - 2014 - Bento Gonçalves-RS


para participar do congresso brasileiro de poesia, a inscrição é automática
não há nenhuma taxa a ser paga. todo participante tem direito a 30% de desconto na tarifa de hotel, desde que faça a reserva através da organização central

aqueles que quiserem aproveitar o desconto na tarifa aérea, também podem fazer a compra da passagem através da operadora oficial com preço promocional, desde que a compra seja feita no mesmo pacote com a devida antecedência
(caso houver interesse, passaremos o contato da operadora que tratará diretamente com o poeta)

os participantes também têm direito a desconto no restaurante conveniado

os poetas terão transfer gratuito do aeroporto de Porto Alegre para Bento Gonçalves na manhã do dia 6 de outubro e no retorno para Porto Alegre na manhã do dia 11, em ônibus especial. para tanto é necessário que estejam no aeroporto já com bagagem liberada até às 11 horas da manhã do dia 6.

Um Golpe de Dados na História



AS DUAS FACES
  
– Olhe bem, cidadão, e veja
o mundo que construímos para seus filhos:

absoluta tranquilidade nas ruas;
nenhuma voz de discordância;
todos num produtivo labor.

É paz. É ordem. É trabalho.
E motivo nenhum para insatisfação.

– Vejo:
paz, ordem, trabalho.

Seu mundo é seguro como um quartel
e a vida surgiu para o risco de vivê-la.

Nem as folhas das árvores balançam: mas eu
sonho com um mundo de movimento equilibrado
não com a anulação do movimento;

mesmo as pedras obedecem: mas eu quero
 um mundo onde os contrários se harmonizem
não a eliminação dos contrários;

até as almas suam: mas eu luto por um mundo
não apenas onde o homem realize atividades
também onde as atividades realizem o homem.

         Um mundo
         de paz, de ordem, de trabalho.
        
         E de justiça. E liberdade. E de prazer.

Pedro Lyra

Do livro Decisão – Poemas dialéticos.
Rio de Janeiro, Tempo Brasileiro, 1983)



pomba-paz & pomba-guerra


                negra
                pomba

                     paira no ar

        branca pomba

                          na terra

            contempla

           
            negra pomba
            procura trazer
            terror – desgraça
                       dor

              branca pomba
       i            nerte

                   
                        v
                        e
                        r
                        t
                        e   do olhar
                        lágrimas
                       de paz
                      que caem

                     sem molhar


MORDAÇA

O gesto acovarda e cala
na dança em ponta de faca.

O homem acorda e lança
Um gesto de mãos sem dedos.

A lança que fere a caça,
a nota que soa e cala

E muda ressoa imunda
em trilha de cão sem raça.




                   Hugo Pontes
Poços de Caldas- MG


quarta-feira, 19 de março de 2014

Canção amiga


Canção amiga


Eu preparo uma canção
em que minha mãe se reconheça,
todas as mães se reconheçam,
e que fale como dois olhos.

Caminho por uma rua
que passa em muitos países.
Se não me vêem, eu vejo
e saúdo velhos amigos.

Eu distribuo um segredo
como quem ama ou sorri.
no jeito mais natural
dois caminhos se procuram.

Minha vida, nossas vidas
formam um só diamante.
Aprendi novas palavras
E tornei outras mais belas.

Eu  preparo uma canção
que faça acordar os homens
e adormecer as crianças.



Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 18 de março de 2014

Palavra 2

Artur Gomes e Salgado Maranhão - na 7ª Feira 
do Livro de São Luís - maranhão - num clic de Lilia Diniz


Palavra 2

o sentir molda a palavra
ávida de asas
alada ao desconhecido.

o sentimento ladra
lá na pedra
- mares sobre o coração do mundo.

delírio que assovia
para dentro
inventando o itinerário
do silêncio.
balsa no mar sem cais
desenverbo a revogar vogais.

a palavra arrebata o dia branco
artérias da manhã
vitrais
- rio que canta para as rãs.

que céus, que sais, que larvas,
que deuses do imaginário
revelam aos poetas
o oculto sexo das palavras?


Salgado Maranhão
Do livro: A Cor da Palavra
Prêmio da Academia Brasileira de Letras – 2012






FULINAÍMA PRODUÇÕES &
 Blog SHOW FRANCISCO apresentam:

FULINAÍMA SAX BLUES POESIA
Dia 1º de Abril 2014 – Local: Dona Baronesa 21h
e Dia 4 de Abril 21h no Rancho do Peixe – Santa Clara - SFI

1964 – 2014 – 50 Anos de Golpe Militar
– venha soltar seu poema preso


Artur Gomes - poesia: corpo e voz
Dalton Freire - sax e flauta
Reubes Pess - voz e violão
participação especial: Rapper Dizzy



1º de Abril

telefonaram-me
avisando-me que vinhas
na noite
uma estrela
ainda brigava
contra a escuridão
na rua sob patas
tombavam
homens indefesos
esperei-te 20 anos
e até hoje não vieste
à minha porta

- foi um puta golpe

Artur Gomes
In Suor & Cio – 1984

gravada no CD Fulinaíma Sax Blues Poesia – 2002


oficina de poesia falada e produção de vídeo

Oficina Cine Vídeo Teatro
produção da cine novela: RUIDURBANOS

Vídeo Instalação : RUIDURBANOS: Uilcon Pereira In Memória

fulinaíma produções






XXII Congresso Brasileiro de Poesia 

IX Mostra Internacional de Poesia Visual
tema: 1964-2014 - Um Golpe de Dados na História 

II Mostra Cine Vídeo Poesia
 6 a 11 de outubro - Bento Gonçalves-RS

como participar?

1. Poesia Visual - impresso em papel A/4 - ou A/3 - assinatura na frente da folha

2. Vídeo Poesia de 1 a 5 minutos - arquivos salvos em DVD ou AVI

3. Projeto para Recitais e Performances

enviar para Caixa Postal - 41 - Bento Gonçalves-RS 95700.000
mais informações poebrasoficial@gmail.com 

segunda-feira, 17 de março de 2014

Poesia Sempre


Acabo de receber via Aricy Curvello, o exemplar nº 36 da Revista Poesia Sempre, editada pela Biblioteca Nacional,  número dedicado a poesia mineira.  Nele estão presentes 3 grandes poetas das minha maior consideração: Aricy Curvello, Ronaldo Werneck e Adão Ventura. A Poesia Sempre, é um primor de projeto não apenas literário mas graficamente também, é o que há de melhor na América Latina.



Verão

ah havia tanto
tanto joyce
no original reler
pound os gregos
os provençais
havia tanto
tanto tempo perdido

são duas horas
duas da tarde
o mar  se esfrega
azul l´azur blue blau
por toda a costa
ocidental

é verão e as mulheres
espraiam belas
acidentais
suas costas
a areia as coxas
o colo reluzente

Ronaldo Werneck (1943)




sob a relva

a noite quando baixou sobre ti
ficaste
a relva está molhada de pássaros brancos

eras uma criança do primeiro dia do mundo
eu te amei como se fosse
a primeira vez
na primeira vida

não sono lágrima silêncio
não adeus até o último adeus

(não, não importa)
eu te reconhecerei entre os mortos, sorrindo

Aricy Curvello (1945)





Faça sol ou faça tempestade

faça sol ou faça tempestade,
meu corpo é fechado
por esta pele negra.

faça sol ou faça tempestade
meu corpo é cercado
por estes muros altos,
- currais
onde ainda se coagula
o sangue dos escravos.

faça sol
ou faça tempestade,
meu corpo é fechado
por esta pele negra.

Adão Ventura (1946 – 2004)
Poesia Sempre – contatos:  poesiasempre@bn.br livraria@bn.br