XVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE POESIA

terça-feira, 30 de julho de 2013

oficina de poesia falada



Oficina de Poesia Falada

Exercícios:

1. Mergulhar no texto até que seja possível compreender todo o seu universo dramático. Perceber as nuances de cada verso ou de cada palavra, para a partir daí ter condições de criar uma forma adequada de interpretação através da fala.

2. Respiração:
Respirar calmamente para relaxar antes de cada leitura até sentir o corpo leve, e através da leitura silenciosa, observar espaços rítmicos do texto para melhor executar a respiração dentro desses espaços que devem ser explorados intensamente.

3. Memorização:
Executar a leitura silenciosa até ter certeza que o texto está completamente compreendido em todos os seus códigos e significados. A partir daí, começar a executar uma leitura em voz alta, frente ao espelho de preferência, procurando verificar se verso por verso já está grudado na ponta da língua e na pele da memória.


OBS.: Essa Oficina de Poesia Falada pode ser oferecida a adomicílio, a acompanhada de uma Oficina de Produção de Vídeo, com tem sido realizada em São Conrado e Copacabana, no Rio de Janeiro, com aulas de duração mínima de 2 horas. Custo a combinar.


As musas de Ignacio

a mesma língua fala
quando deitamos palavras duras
a vida crua sobre o corpo do texto
e do teu poema
partilhamos a busca do mesmo céu
de língua e dentes em viva dança
não mais de veia bailarina
querendo escrever tanto ao mesmo tempo
sobrepomos ao risco da morte nossos textos
pactos de carícias entre fonemas
sons dançantes que saem além da boca
sedução de risos no imaginário
do menininho que admirava a brancura
da pele da primeira musa
e matava os anões com as palavras
creme de champion envenenados
colhidas nas florestas de outro tempo
risos emoldurados em boca e janelas
lá pelas terras de Araraquara
12 anos antes do nascimento
da estrela mágica
do beijo que não vem da boca
lá onde eu poderia ter escrito
o meu primeiro poema
cantando língua e beijo
ao vento dos ventiladores

Cristiane Grando




Poética 72

a relva ainda molhada
a neve renova a pele
fosse Londres logo ali a dentro
LUAna me morderia a língua
até sangrar de susto
lamberia o sal da carne até
cessar a fome
foi ali que Ana se desfez da vida
para sempre
e
da janela voou para o infinito
ainda tenho seus pés aqui
cravados nos dentes da memória
era setembro de 83 e o Vapor Barato
rodava no vinil da loja aqui do centro
com um buraco negro no peito
que chegava a osso





Poética 73

assim como se tanto
te queresse e não pudesse
essa tensão levar-te a cama
a dama se desfaz
mesmo não sendo
um blues rasgado
ou rock and roll
na língua solta
pela pele em tuas costas
lambendo as curvas
por detrás da tua orelha
vermelha a blusa agora despe
baton saliva tudo como em tua boca
pode ser som de bolero
quando um beijo quero quero
a vida é muito curta pra ser pouca

arturgomes



Fulinaíma Produções
Contatos: portalfulinaima@gmail.com
(21)6964-4999 (22)9815-1266

segunda-feira, 8 de julho de 2013

abismos


abismos

“dizem as velhas da praia que não voltas.
São loucas!
São loucas!
    Barco Negro, David Mourão-Ferreira/Cavo Velho/Piratini


diante de seus medos
um homem
com toda fragilidade
de um homem

(na esquina do viver onde
a luz encontra as trevas e
prenuncia tormentas)

um homem
que se recusa
assistir ao embarque
protagonizar qa despedida

em desespero, agarrado
ao cordão, em vias de

um homem e seus abismos
incontornáveis


Dalila Teles Veras
In estranhas formas de vida

Dobra – Literatura – www.alpharrabio.com.br

Lavanderia


Lavanderia


Esfrega
sem dó ou medo
nódoas de dor em mim 
são tão banais

Quara
no tempo, arde
no chão da história 
meus puídos ais

Enxágua
na abundância
meu pranto aberto
já não para mais

Seca
flor da caatinga
não há mais broto, 
vê se me deixa em paz

Passa
pelas beiradas
vai e não volta
com esse amor fugaz

Guarda
Dentro do ontem
Prazer maduro que te dei a mais

Usa
Mesmo por gula
Mas não abusa 
teu encardido já não me apraz

Esfrega...



Maria Regina Alves

Ao Coyote



Ao Coyote

Século a século a areia infindável
Dos diversos desertos têm sofrido
Teus passos numerosos e o ganido
De chacal cinza ou hiena insaciável.
Por séculos? Eu minto. Essa furtiva
Substância, o tempo, não te alcança, lobo,
Teu é o puro ser, teu é o arroubo,
Nossa, a torpe vida sucessiva.
Foste um latido quase imaginário
Nos confins do Arizona, nessa areia
Onde tudo é confim, e se incendeia
Teu perdido latido solitário.
Símbolo de uma noite que eu possuía,
Seja teu vago espelho esta elegia.


Jorge Luis Borges
Revista Coyote – nº 24
distribuição:


tradução:  Josely Vianna Baptista

Brincos


Brincos


Brilharam pela noite
Rodopiaram em pleno par
Mas foram esquecidos
Na espiral da rotina

Poderia ter sido
Boa desculpa, motivo
Mero desperdício

Os cúmplices do encontro
Perderam o ritmo
Pendurados
Por tempo indeterminado

Na gaveta
Aguardaram com ânsia
Pela próxima vez
Que não viria

[Quem ousa querer
Arrisca perder]

Até que um dia
O que fora relíquia
Virou evidência
A ser descartada
Como lágrimas
Ou como brincos jogados no lixo
Junto com qualquer expectativa


Alice Souto

no olho da agulha



No olho da agulha


Tatuar silêncios como formigas.
Afogar os relógios
numa pálpebra.
Vestir o grito com a pele 
do escaravelho.
Torcer os músculos da face
em perplexidade.
Cruzar a via absurda
das unhas, desorientado,
obscuro, recurvado
sobre as nádegas. 
Saber que toda flor é ridícula,
e mesmo assim cultivar
o minério, 
a dor,
a surda epilepsia.
Esquecer o próprio nome,
e sovar a terra
até a exaustão.
(Fosse apenas uma canção de colheita,
você diria amor e outras
palavras fáceis.)
Com o riso estúpido do camelo,
viajar ao olho
da agulha,
labiríntico, insano,
acreditando que toda história é um ácido.
Depois cauterizar a ferida,
aceitar o reflexo, 
o simulacro,
lembrar-se 
da semente antes do pão.
Tayata gate gate 
paragate parasamgate 
boddhi soha
.


Claudio Daniel

fulinaíma blues poesia


fulinaíma blues poesia
um bom time da boa poesia brasileira 
contemporânea começa a ser escalado aqui 
https://www.facebook.com/FulinaimaProducoes?fref=ts

miragens metáforas

a minha língua de fogo
persegue tua língua na fala
não sei me calar na cozinha
no quarto corredor ou na sala

a minha linguagem de luas
é o que na língua resvala
se tenho os pés calejados
se tenho as mãos inda tontas

e a língua bêbada de noites
dos dias que miragens não vi
minutos que metáforas se calam
são como favelas vazias
e os olhos perdidos na vala

no líquido que vem das veias
a minha língua se farta
e bebe o teu como água
como se chupa uma bala
artur gomes
publicado na Revista Coyote – nº 24

distribuição: www.iluminuras.com.br

V Festival aberto de Poesia Falada de São Fidélis
Dias 20 e 21 de setembro de 2013
17 mil reais em prêmios