XVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE POESIA

domingo, 20 de outubro de 2013

XXI Congresso Brasileiro de Poesia por Renato Gusmão

XXI CONGRESSO BRASILEIRO DE POESIA – BENTO GONÇALVES – RS

             São vinte e um anos, muitas histórias, muitos projetos, realizações, prazeres, etc...   Para mim, sexta etapa, visto que, desde 2008 a semana desse evento tornou-se agenda oficial em minha vida. A Serra Gaúcha é poesia no início da primavera. A Cidade de Bento Gonçalves enfeita-se de palavras e por suas vidraças expõe-se à alma de cada poeta que vão chegando e conferindo de vitrine em vitrine, lado a lado nas ruas, em busca de seus poemas ali manuscritos nos vidros, com o gosto das uvas e dos vinhos, à espera da leitura prazerosa dos transeuntes e por que não dos próprios autores a exaltassem orgulhosos.
             A meta do XXI Congresso Brasileiro de Poesia foi batida e o resultado foi a premiação, através da alegria e da espontaneidade de cada artista das palavras, despojando talentos e emoções pelas escolas, pelas repartições públicas, pelos hospitais, penitenciária, APAE e pelas ruas e praças de Bento. Parabéns a todos que levaram seus poemas para colorir de paixão a cidade que nessa época fria de temperatura, porém, efervescente, através dos sorrisos belos e acolhedores de cada habitante. Não tem mistério, nem muito que pensar... É arregaçar as mangas e apontar para o vigésimo segundo, dois mil e quatorze já é bem aqui e uníssonos já estamos a gritar direto para as Minas Gerais: Ronaldo Werneck, contamos com tua sagacidade!
             Muito obrigado, Marina Colasanti, que emprestou sua vasta biografia e nos encheu de orgulho por ser a escritora homenageada da XXI edição! Parabéns, tuas grandiosas intervenções, sempre com muita sabedoria deixaram um tanto de esperança para cada um de nós, em cada fala tua!         Ademir Antonio Bacca, em nome de todos os participantes do XXI Congresso Brasileiro de Poesia e sem pedir licença para tal ousadia, digo-lhe, muito obrigado, por essas magias que proporcionas, e também, em realizar sonhos, porque és poeta e sabes que poeta sonha toda hora. Parabenizamos-lhe e afirmamos-lhe que já podes contar com nossos trabalhos, mesmo nem sabendo do que nos espera, exceto que a cada ano há belas e grandes histórias.


Renato Gusmão (coordenador da Proyecto Cultural Sur Brasil – Núcleo Norte)            

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Ronaldo Werneck será o escritor homenageado no XXII Congresso Brasileiro de Poesia

RONALDO WERNECK SERÁ O ESCRITOR HOMENAGEADO DO XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE POESIA 

Em reunião da diretoria do Proyecto Cultural Sur/Brasil durante o XXI Congresso Brasileiro de Poesia, o escritor RONALDO WERNECK foi escolhido para ser o escritor homenageado da próxima edição do evento, a ser realizada entre os dias 6 e 11 de outubro de 2014. 

Mineiro de Cataguases, o poeta e cronista Ronaldo Werneck tem sete livros de poemas publicados, sendo o mais recente cataminas pomba & outros rios (2012). Em 2009, publicou pela Artepaubrasil o livro de crônicas Há Controvérsias 1 e um ensaio biográfico sobre Humberto Mauro, um dos pioneiros do cinema nacional: Kiryrí Rendáua Toribóca Opé – humberto MAURO revisto POR ronaldo

WERNECK. Em 2011, lançou Há Controvérsias 2, o segundo volume de suas crônicas. O poeta acredita que o poema, qualquer poema, é para ser lido & relido, & de novo relido & lido, agora & a toda hora. E sempre

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Poesia do Brasil


Assombros

Às vezes, pequenos grande terremotos
Ocorrem do lado esquerdo do meu peito.

Fora, não se dão conta os desatentos.

Entre a aorta e a omoplata rolam
alquebrados sentimentos.

Entre as vértebras e as costelas
há vários esmagamentos.

Os mais íntimos
já me viram remexendo escombros.
Em mim há algo imóvel e soterrado
Em permanente assombro.

Affonso Romano de Sant´Anna
Poesia do Brasil – Vol. 17
Ed. Grafite – XXI Congresso Brasileiro de Poesia
Bento Gonçalves-RS – Outubro 2013




Enredo para quarta-feira

claro como ver o sol
que brinca feito um gato
na contradança real da cidade
escarrando na manhã dos favelados:
brilhos e bactérias.

calma na manhã verde-rosa
acossada aos tapumes,
e as cinzas sob o claro
e o teto sobre a cara
amanhecendo os pandeiros,
silenciando os enredos: ali,

na revanche dos olhos,
entre ar-
canos e pipas-alarde
o vento alude
uma pavana para Cartola.

e novamente haverá
salários baixos, fome, sangue
e paciência,
até o próximo carnaval?

Salgado Maranhão

do livro A Cor da Palavra
Prêmio da Academia Brasileira de Letras - 2011com





Trem Da Consciência

Música: Vital Farias
Poema: Salgado Maranhão
Voz: Zeca Baleiro

Não espere que eu fale só de estrelas
Ou do vinho feliz
Que eu não tomei
Porque
Fora de mim
Não levo além da sombra
Uma camisa velha
E dentro do peito
Um balde de canções
Uma gota de amor
No útero de uma abelha
Não repare se eu não frequento o clube
Dos que sugam o sangue das ovelhas
Ou amargam o mel
Dessa colméia
É que eu já vivo
Tão pimenta
Tão petróleo
Que se você acende os olhos
Me incendeia
Hoje em dia
Pra gente amar de vera
É preciso ser quase
Um alquimista
Ou talvez o maquinista
Do trem da consciência
Pra te amar com tanta calma
E com tanta violência
Que a tua alma fique
Toda ensanguentada
De vivência







Jura secreta 16
para May Pasquetti

fosse esta menina Monalisa 
ou se não fosse apenas brisa 
diante da menina dos meus olhos 
com esse mar azul nos olhos teus

não sei se MichelÂngelo
Da Vinci Dalí ou Portinari te anteviram
no instante maior da criação
pintura de um arquiteto grego
quem sabe até filha de Zeus

e eu Narciso amante dos espelhos
procuro um espelho em minha face
para ver se os teus olhos
já estão dentro dos meus

artur gomes

http://juras-secretas.blogspot.com






Epílogo

na quase esquina
não há vaga
perdeu-se o tato
perdeu-se a valsa
perdeu-se o enlace

na quase esquina
não vale

não vale o dote _ não vale
não vela a pena _ não vale
não vale o trote _ não vale
não vale o chumbo _ não vale

não vale o passe
<não vele o rito do sal>
jorrado na face

Cláudia Gonçalves
Poesia do Brasil – Vol. 17
Ed. Grafite – XXI Congresso Brasileiro de Poesia
Bento Gonçalves – outubro 2013







Vidráguas

Porque chove...
Tudo é água
que empoça e embacia
Tudo é lágrima
que sublima, condensa e lava
Porque choro...
Chovo mais que o céu
Transbordo-me
Parto palavras como se ossos se liquifizessem
Porque chove
Versejo em gotas de ilusão
Espanto as horas mormacentas
Granito janelas na rua
Porque chove...
Salpico meus pesadelos
Nessas Vidráguas, encontro a poeta
Brindamos vidros com água...

Carmen Silvia Presotto
Poesia do Brasil -0 Vol. 17
Ed. Grafite – XXI Congresso Brasileiro de Poesia
Bento Gonçalves-RS – outubro 2013

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Poesia do Brasil


Em face do mistério

minha sina é uma canção
de amor no temporal.
desliza sobre mares
rola sob viadutos
ruínas e paixões.

meu coração quasar rasante
(vale-transporte para a  via láctea)
brota sob o carpete.
sobre os alagados
e as cinzas do não.

(ó sina que me arremessa
na canção do temporal!)

do acervo do não ser
a essência das coisas range
pedindo para nascer.

Salgado Maranhão
do livro a Cor da Palavra
Prêmio da Academia Brasileira de Letras - 2011



Desastre

Há quem pretenda
       que seu poema seja
        mármore
        ou cristal - o meu
o queria pêssego
                pera
                banana aprodecendo num prato
e se possível
numa varanda
onde pessoas trabalhem e falem
e donde se ouça
                            o barulho da rua.
                  Ah quem me dera
                  o poema podre!
a polpa fendida
                   exposto
o avesso da voz
                                   minando
                     no prato
o licor a química
                     das sílabas
                      o desintegrando-se cadáver
                      das metáforas
                       um poema
                       como um desastre em curso.

Ferreira Gullar
Ed. Grafite - XXI Congresso Brasileiro de Poesia
Bento Gonçalves-RS - outubro 2013



De caça a caçador

Para alcançar palavras que nos fogem
preciso é acarpetar os passos
velar de espesso véu nosso desejo
e esperá-las
caiados
de tocaia.
Sempre haverá um momento
de descuido
em que a palavra
recolhidas asas
pousará sobre a língua
e será nossa.

Entrementes
há que tomar cuidado.
Assim com as caçamos
palavras há também 
em cada esquina
prontas
com unha e dente
a nos saltar em cima.

Marina Colasanti
Poesia do Brasil - Vol. 17
Ed. Grafite - XXI Congresso Brasileiro de Poesia
Bento Gonçalves-RS - outubro 2013



Da inutilidade


muito
que
me 
cansam
estas
bocas
mudas
que 
não
mudam
nada

Ademir Antônio Bacca
Poesia do Brasil - Vol. 17
Ed. Grafite - XXI Congresso Brasileiro de Poesia
Bento Gonçalves-RS - outubro 20139
www.ademirbacca.blogspot.com 



Poética 9

eu sou drummundo
e me confundo
na matéria amorosa
posso estar
na fina flor da juventude
ou atitude
de uma rima primorosa
e até na pele/pedra
quando invoco
me desbundo
e baratino
então provoco
umbarafundo cabralino
e meto letra
no meu verso
estando prosa
e vou pro fundo
do mais fundo
o mais profundo
mineral
guimarães rosa

Artur Gomes
Poesia do Brasil - Vol. 17
Ed. Grafite - XXI Congresso Brasileiro de Poesia
Bento Gonçalves-RS - outubro 2013