foto: artur gomes
Traços
1.
Escrevo porque sofro,
Todos os sopros – a
Partir de lá, aqui,
Onde desabo – corpo
2.
Se houvesse o
absoluta-
Mente absoluto, tudo
Estaria seguro numa
Única mão – sem dedos
3.
Falar em meio, falar
No meio das coisas,
Sem palavras, com as
Coisas, o inaudível
4.
O que estranha-me é
Que não haja entranha,
Que a superfície seja
A face toda no rosto
5.
Quando tiver tempo,
Chegarei a tempo de
Encontrar o que não
Me agrada, quando
Anelito Oliveira
NOTA: Estes poemas,
até então inéditos, foram escritos em julho de 2010, no trajeto São João del Rei/Belo
Horizonte. São esboços de algo ainda por vir, traços para um desenho que ainda
desconheço - e talvez seja isso mesmo a poesia. Encontram-se publicados
atualmente também no blog Cantar a pele de lontra, do poeta paulista Cláudio
Daniel. Anelito de Oliveira
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