Atraso
de vida
Por causa da poesia
o feijão queima
o leite entorna
esquece-se o troco
vai a roupa do avesso
chora o bebê com fome
perde-se o trem.
Mas viaja-se.
Sabe-se lá para onde
que anônima nuvem.
No meio do caminho
No meio do nosso caminho
tinha também uma pedra.
Não a pedra do poeta
verbal abstrata alegórica.
Tinha sim, uma pedra renal
concreta crônica sólida.
Tinha uma pedra plural:
extraída uma, outra surgia.
Nunca esqueceremos o lar mudado em hospital.
Dentro do corpo tinha um cálculo
obstáculo à união carnal.
Tinha uma pedra no caminho
do paraíso real.
Com a palavra o poema
Não ponha outra música no verso.
Seria equívoco, seria excesso.
O poema pede silêncio.
Quer proclamar o próprio som.
É canção de outro universo.
Cordas? Bastam as vocais.
Ouça, sua música de outro tom
avança em cortejo de vogais
jorra da fonte dos fonemas.
Não destrone a palavra.
De outra lavra a música do poema.
Por causa da poesia
o feijão queima
o leite entorna
esquece-se o troco
vai a roupa do avesso
chora o bebê com fome
perde-se o trem.
Mas viaja-se.
Sabe-se lá para onde
que anônima nuvem.
No meio do caminho
No meio do nosso caminho
tinha também uma pedra.
Não a pedra do poeta
verbal abstrata alegórica.
Tinha sim, uma pedra renal
concreta crônica sólida.
Tinha uma pedra plural:
extraída uma, outra surgia.
Nunca esqueceremos o lar mudado em hospital.
Dentro do corpo tinha um cálculo
obstáculo à união carnal.
Tinha uma pedra no caminho
do paraíso real.
Com a palavra o poema
Não ponha outra música no verso.
Seria equívoco, seria excesso.
O poema pede silêncio.
Quer proclamar o próprio som.
É canção de outro universo.
Cordas? Bastam as vocais.
Ouça, sua música de outro tom
avança em cortejo de vogais
jorra da fonte dos fonemas.
Não destrone a palavra.
De outra lavra a música do poema.
Astrid Cabral
Nenhum comentário:
Postar um comentário