Lau Siqueira - foto: Artur Gomes - na 31ª Feira do Livro de Brasília
conceito
não alongo
poemas
apenas curto
no máximo
s u r t o
poemas
apenas curto
no máximo
s u r t o
Lau Siqueira
Poesia Sem Pele
noite vazia cala escura a mente que grita
vento abala resta o nada que sobra no tudo
cama me pesa pressa de calma em sono contido
prezo na reza peito espreita novo destino
água : milagre
que gira o rio
e a rosa
dos ventos
gira giram
os papéis
sobre a mesa
jussara salazar
Bolero Blue
beber desse conhac
em tua boca
para matar a febre
nas entranhas
entre os dentes
indecente
é a forma que te como
bebo ou calo
e se não falo quando quero
na balada ou no bolero
não é por falta de desejo
é que a fome desse beijo
furta qualquer outra palavra presa
como caça indefesa
dentro da carne que não sai
Artur Gomes
www.pelegrafia.blogspot.com
Orfeu é Meu
Orfeu é meu
Ao som de jazz se fode mais
Espera que se atira da janela
Aos berros de gaitas que miam na Lapa
Nada flauta
Tudo se completa nela
E não há droga que imite o grito dessa hora
Nem lisérgico que se compare à vertigem do que vejo
Vejo
Que você não suporta o paraíso
Anda atrás do seu contato noutra boca
Tanta vontade pouca, fraco!
Queria ver gritar da minha janela
Eu te desafio: fica, grita, erra!
só confio em gente que berra
Vai de subversão convencional
Reclamando que a fila do inferno anda devagar
Pois trago notícias de lá:
Eles também tem céu
Igual ao da boca
Mas os ingressos estão esgotados
Ainda aceitam sangue
Mas tem que ser de si
E essa nota você não toca
Faltou cuidado com a gaita e com tudo que importa
Agora, os deuses festejam as feridas
Agulhas agudas tecem o fim
O solo do sim no fundo de mim
Ao som de jazz me leva aos céus
Enquanto sobes o morro em busca de Deus
Alice Souto
in Poesia Sustentável
aurora
dia desses, madrugada alta
insone, acordei a mulher
para matar saudades do adolescente
ébrio, na beira da praia, à espera do sol,
que buscava ouvir o mar chiando ao parir brasa
acompanhado, reconstituí a cena
tendo como elemento novo, além da mulher,
a barricada baixa de nuvens no final do horizonte
deflorada lentamente pelos dedos róseos do poeta
ela olhou e disse que as nuvens pareciam algodão doce
pensei e a mim lembraram ilha grande
que quando avistada da ilha seguinte
vê-se não ilha, mas continente;
imaginei após a amurada interna do forte
dos que querem manter como está
e já saem à guerra vencidos;
recordaram-me também a serra do imbé
fazendo fundos com a planície dos extintos
lhe dando vértebras;
ou ainda a conseqüência do recife
no qual convergissem todas as ondas do atlântico
açoitando a pedra e espalhando espuma
como o cheiro do quarto no amor
o sol nasceu entre nuvens e metáforas
contemplei-o até a cegueira
beijei a mulher e me despedi de homero
que fez do ouro seu anel de noivado
e saiu comendo algodão doce
Aluysio Abreu Barbosa
atafona, 15/04/2000
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