Quero apenas
Além de mim, quero apenas
essa tranqüilidade de campos de flores
e este gesto impreciso
recompondo a infância.
Além de mim
– e entre mim e meu deserto –
quero apenas silêncio,
cúmplice absoluto do meu verso,
tecendo a teia do vestígio
com cuidado de aranha.
Olga Savary
Salgado Maranhão - f
fotografado por Artur Gomes na 7ª FELIZ - São Luís - Maranhão
Além de mim, quero apenas
essa tranqüilidade de campos de flores
e este gesto impreciso
recompondo a infância.
Além de mim
– e entre mim e meu deserto –
quero apenas silêncio,
cúmplice absoluto do meu verso,
tecendo a teia do vestígio
com cuidado de aranha.
Punho da
serpente
eu acompanho o movimento da serpente
e seu diálogo com a rã.
é tanto que quando a chama
ao seu seio,
não o faz como quem mata
mas como quem constrói seu ser.
e o faz com tal leveza
que a rã se esquece que é presa
e passa a ser sua irmã.
que no combate
o punho seja assim:
quase uma imaginação,
que entre tão suave
como a nossa afeição.
Salgado Maranhão
Do Livro: A Cor da Palavra
Prêmio da academia Brasileira de Letras - 2011
Minha Casa
Zeca
Baleiro
gravada no CD Líricas
MZA Music - São Paulo
É mais fácil
Cultuar os mortos
Que os vivos
Mais fácil viver
De sombras que de sóis
É mais fácil
Mimeografar o passado
Que imprimir o futuro...
Não quero ser triste
Como o poeta que envelhece
Lendo Maiakóvski
Na loja de conveniência
Não quero ser alegre
Como o cão que sai a passear
Com o seu dono alegre
Sob o sol de domingo...
Nem quero ser estanque
Como quem constrói estradas
E não anda
Quero no escuro
Como um cego tatear
Estrelas distraídas
Quero no escuro
Como um cego tatear
Estrelas distraídas...
Amoras silvestres
No passeio público
Amores secretos
Debaixo dos guarda-chuvas
Tempestades que não param
Pára-raios quem não tem
Mesmo que não venha o trem
Não posso parar
Tempestades que não param
Pára-raios quem não tem
Mesmo que não venha o trem
Não posso parar...
Veja o mundo passar
Como passa
Uma escola de samba
Que atravessa
Pergunto onde estão
Teus tamborins?
Pergunto onde estão
Teus tamborins?
Sentado na porta
De minha casa
A mesma e única casa
A casa onde eu sempre morei
A casa onde eu sempre morei
A casa onde eu sempre morei...
Tudo
é nada
a
cidade abandonada
e
essa rua não tem mais
nada
de mim
nada.
Noite
alta madrugada
na
cidade que me guarda.
E
esta cidade me mata
de
saudade
é
sempre assim.
Toda
palavra calada
nesta
rua da cidade
que
não tem mais fim.
Torquato
Neto
os
homens falam
as
pedras ouvem
se
precipitam quando voam
meteorito
pedra
com comportamento de vento
o
som das pedras
materializado
na voz do vento
mas
a dúvida tem mãos pesadas
e
a dúvida é maior que a vida
depois
que a cortina da pálpebra se abriu
o
som do sol se destruindo para alumiar
nunca
mais cessou
Amarildo
Anzolin
Do
livro: EU TAMBÉM
cidade
acesa
meu
coração inquieto
quer
zanzar
pela
madrugada adentro
dentro
de você
ele
quer te abrasar
quer
mel e beleza
quer
te namorar
de
pau duro
e
palavras acesas
Aroldo
Pereira
In
parangolivro
Guilherme Rodrigues -
fotografado por Artur Gomes no 27º PSIU Poético
Montes Claros das Minas Gerais
II.
a retina me incorpora
meu
corpo para
a
um olho estranho,
que,
por ser olho,
tem
um corpo vivo,
que
sendo outro,
é
um corpo estranho,
e,
por ser olho,
mais
estranho ainda,
e,
por ser corpo,
traz
a si meu corpo
e
em vasto escopo
vê
meu corpo todo
e
o meu corpo-olho,
(ou:
muito-pouco)
capta
o outro olhos
-
corpo-ímã –
que
captado, corpo,
por
meu olho,
me
incorpora
à
sua retina
Guilherme
Rodrigues
Do
livro: RETINAS
guilhermerodrigues1984@gmail.com
Lau Siqueira
- fotografado por Artur Gomes na 31ª Feira do Livro de Brasília-DF
capoeira
um
corpo
visível
pomo nuca
soluça
na taça
não
cabe no oco
indo
rugindo indo
surgindo
dentro
como
raiz
que
floresce asas
Lau
Siqueira
In
Poesia Sem Pele
www.poesia-sim-poesia.blogspot.com
Celso Borges
- fotografado por Artur gomes na 7ª FELIZ - São Luís - Maranhão
O
Incêndio da Casa dos Lordes e dos Comuns
do
outro lado do mundo
beira
de um rio londrino
o
pintor Joseph Mallord William Turner
toca
fogo no fim do céu
no
dia seguinte a Tate Gallery anuncia o leilão do pôr-do-sol
Celso
Borges
No
livro BELLE EPOQUE
Flávia D´Angelo
- fulinaimando pelo mundo no delírio do poeta
VORAGEM
não tapa
minha cara
que boca
não cala
respiro
profundo
me seca
estressa
com língua
na meta
no poço
te afundo
que forte
me acho
não meço
só faço
respiro meu mundo
não temas
se fraco
não tentes
cansado
entrar
no meu fundo.
Flavia D'Angelo
http://trapeziotrs.blogspot.com.br/
não tapa
minha cara
que boca
não cala
respiro
profundo
me seca
estressa
com língua
na meta
no poço
te afundo
que forte
me acho
não meço
só faço
respiro meu mundo
não temas
se fraco
não tentes
cansado
entrar
no meu fundo.
Flavia D'Angelo
http://trapeziotrs.blogspot.com.br/
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