Entre ferro e fio
Como punhal
sem sangue
e sem ruído
a agulha vara a carne do tecido.
Ouvem-se apenas
do metal vencido
a queixa do dedal
e um leve sibilar
ferindo as fibras.
A linha se insinua
serpente que
entre trama e urdidura
de outros fios se defende
e ponto a ponto
impõe
nova estrutura.
A essa falsa fronteira
que sem ser cicatriz
o corte emenda escondida na beira
a essa semovente arquitetura
batizamos
costura.
Marina Colasanti
não se beija o morto
ao morto se agradece
pela vida
cerca de pedra
subitamente interrompida
não se lamenta o morto
do morto se registram
as virtudes
e os inúmeros vícios
não se culpa o morto
ao morto se perdoa
o que ficou nas entrelinhas
e os silêncios
não se julga o morto
do morto guarda-se
o último registro
carteira de identidade
um anel de pedras falsas
não se purga o morto
o morto é quadro
na parede das lembranças
saudade
que acontece em repentes
do morto não te despeças
o morto é tempo
que não se abandona
Sérgio Napp
Avesso
pode parecer promessa
mas eu sinto que você é a pessoa
mais parecida comigo
que eu conheço
só que do lado do avesso
pode ser que seja engano
bobagem ou ilusão
de ter você na minha
mas acho que com você eu me esqueço
e em seguida eu aconteço
por isso deixo aqui meu endereço
se você me procurar
eu apareço
se você me encontrar
te reconheço
Alice Ruiz
labirinto
coração
que bate
fora
do peito
a poesia
tem vezes
que é labirinto
onde a palavra
não quer
ser encontrada
Ademir Antônio Bacca
Alguns dos poema
publicados na Antologia Poesia do Brasil – Vol 15- Proyecto Cultural Sur Brasil
– Editora Grafiti – Congresso Brasileiro de Poesia – Bento Gonçalves-RS - 2012
- que será lançada no dia 22 de janeiro de 2013 na Livraria Argumento - Rua Dias
Ferreira, 417 - Leblon - Rio de Janeiro
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