Ao Coyote
Século a século a
areia infindável
Dos diversos
desertos têm sofrido
Teus passos
numerosos e o ganido
De chacal cinza ou
hiena insaciável.
Por séculos? Eu minto.
Essa furtiva
Substância, o
tempo, não te alcança, lobo,
Teu é o puro ser,
teu é o arroubo,
Nossa, a torpe vida
sucessiva.
Foste um latido
quase imaginário
Nos confins do
Arizona, nessa areia
Onde tudo é confim,
e se incendeia
Teu perdido latido
solitário.
Símbolo de uma
noite que eu possuía,
Seja teu vago
espelho esta elegia.
Jorge Luis Borges
Revista Coyote – nº
24
distribuição:
tradução: Josely Vianna Baptista
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