Insensatez
eu navego
em ti
o desejo insano
que persegue
anos a fio.
nas águas perigosas
do teu cio eu me deixaria afogar
de vez.
de máscaras & machucados
se mascaro a dor
com um sorriso
que não sei de onde
me vem
é porque cedo
aprendi a lição:
nos tombos
que a vida me deu,
poucas vezes
tive rede de proteção
© Ademir Antonio Bacca
do livro: “Gritos por dentro das Palavras”
iceberg
o que escondo
nem sempre é
a minha parte
mais perigosa
um bloco de ternura
hiberna
há muitos invernos
submerso em mim
à espera
de tantos reencontros
insônia
inventei tantos mundos
e abri tantas portas
em minha insônia
que tem noites
que não encontro caminho
para voltar para dentro de mim
ferido de morte
me deixe quieto
no meu canto
não toque no rádio
não mexa na ferida
nem provoque o sonho
deixe a noite
acontecer sem pressa
não fale meu nome
não atravesse a ponte
fique onde estás
e me deixe entregue
ao meu silêncio
hoje,
eu calo por nós dois
me deixe quieto
no meu canto
não toque no rádio
não mexa na ferida
nem provoque o sonho
deixe a noite
acontecer sem pressa
não fale meu nome
não atravesse a ponte
fique onde estás
e me deixe entregue
ao meu silêncio
hoje,
eu calo por nós dois
nós
essa coisa
que há em nós
busca que não cessa
palavra que não sacia
esperança que a gente tece
teimosamente
todos os dias
essa coisa
que há em nós
bálsamo para tantas dores
que a gente acostumou
e nem mais sente
força estranha
que há em nós
e nos leva pelas ruas
em busca dessas coisas todas
que na madrugada
desatam sobre nós
migração
sonhos
sonhos
batem asas
dentro de mim
quem sabe para o norte
quem sabe para morte
Extraídos de BACCA, Ademir Antonio. PLANO DE VÔO. Bento Gonçalves: Grafite, 2004. 128 p.
sonhos
sonhos
batem asas
dentro de mim
quem sabe para o norte
quem sabe para morte
do conformismo
eu toco
a minha vida
como que conduz
um tropa de bois
de que me vale
a sensibilidade
de poeta
se a insensatez
dos governantes
sempre põe tudo
a perder?
Extraídos de BACCA, Ademir Antonio. PLANO DE VÔO. Bento Gonçalves: Grafite, 2004. 128 p.
Ademir antônio Bacca
Natural de Serafina Corrêa, RS, é poeta, contas, folclorista e jornalista. Publicou, até 2007, oito livros de poesia, além de organizar e participar de muitas antologias. Ativista cultural, organizador de festivais e eventos de poesia com repercussão nacional e internacional.
“Ao alçar seu Plano de Vôo, com poemas curtos e tocantes, é possível imaginar o poeta navegando sua asa delta emocional pelas querências gaúchas, captando o silêncio do silêncio, num horizonte sempre distanciado.”
JOSÉ MENDONÇA TELES
“Ao alçar seu Plano de Vôo, com poemas curtos e tocantes, é possível imaginar o poeta navegando sua asa delta emocional pelas querências gaúchas, captando o silêncio do silêncio, num horizonte sempre distanciado.”
JOSÉ MENDONÇA TELES
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